24 abril, 2011

Medo...




Medo de se apaixonar
Fabrício Carpinejar

Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas. Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar. Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia. Medo do imprevisível que foi planejado. Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado. Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele. Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. Você tem medo de já estar apaixonada.
 

19 abril, 2011

Tentando deixar o dia seguinte ser só o dia seguinte...




Acabei de ler essa frase da Tati Bernardi no blog "A menina por trás da vidraça":

“Ele gosta dela. Não tem mais como fugir. É, dá medo. Ela deve estar com medo também. Gostar é começar o inferno tudo de novo. Mas ela, quem diria, escreve lá no texto que topa. Topa começar tudo de novo.”

E fiquei aqui pensando quando é que a gente começa a gostar? Primeiro fiquei meio preocupada porque passei um bom tempo sem nem saber por onde começar a responder e sem nem sequer lembrar de alguma sensação que pudesse me ajudar a definir esse momento...

O momento em que alguém passa de só mais uma pessoa entre as tantas outras bilhões de pessoas, para 'aquela' pessoa em que você anda pensando demais, que te desconcerta só com o 'bom dia' corriqueiro de todo dia, que te faz ficar sem graça simplesmente por lhe oferecer ajuda, e que de alguma maneira mágica combina com todas aquelas músicas que você vinha ouvindo e pareciam tão vazias, sem personagem sabe?
Acho que é exatamente por aí que começa...

Não sei, você tem alguma coisa diferente, que desde que fomos apresentados eu não queria descobrir o que era. Afinal, lá no fundo eu já sabia que isso poderia dar errado ou certo demais... Talvez por isso quando te conheci a primeira coisa que pensei foi: 'Estava indo tudo bem até agora', o que pode ser traduzido por: "Estava tudo sob controle e você respresenta uma grande possibilidade de me tirar esse chão sem graça, e esse céu cinza que eu tanto adoro e as minhas músicas sem personagens'. Porque de verdade, não tem nada que me deixe com mais medo do que não controlar o que eu sinto... Ainda que seja um controle ilusório.

Acho que as suas camisetas e o seu All Star tem culpa no cartório também, e esse jeito 'sorrindo' de levar a vida, sempre descontraído... E essa sensação de querer estar perto sem pretensão alguma? Ok, quase sem pretenção alguma. Mas é sério, não te conheço, sei poucas coisas sobre você e a única coisa que sinto vontade agora é de saber mais...
Pela primeira vez não me importa onde isso possa dar, importa que no meio desse caos do  mundo a gente se encontrou e talvez essa seja a grande sacada. Pouco me importa o que seremos, mas que pelo menos aproveitemos esse encontro. Queria poder dizer que topo... topo começar tudo de novo, seja lá o que isso signifique. Prometo que vou trabalhar nisso... Mas quer saber? Não sou muito boa com promessas...

18 abril, 2011

Quando fui chuva...





Quando já não tinha espaço, pequena fui
Onde a vida me cabia apertada
Em um canto qualquer,
Acomodei minha dança, os meu traços de chuva
E o que é estar em paz
Pra ser minha e assim ser tua

Quando já não procurava mais
Pude enfim nos olhos teus, vestidos d'água,
Me atirar tranquila daqui
Lavar os degraus, os sonhos, as calçadas

(Quando fui chuva - Maria Gadú
Composição : Luis Kiari e Caio Soh)


16 abril, 2011

Até que faz sentido agora...





"Demorei quase um ano pra voltar.
E afinal não foi tão difícil atravessar aquela rua.
Tudo depende de quem está esperando do outro lado".

(Filme: Beijo Roubado/Martha Medeiros)

15 abril, 2011

Thanks!




Caramba! Fui olhar o blog hoje e vi 100 seguidores! Pôxa vida! Sei que não sei escrever poesia, e que às vezes fico muito temposme postar, e quando posto posso colocar coisas que vocês já leram em alguem lugar... Mas queria dizer que esse espaço é muito especial pra mim. Primeiro porque me faz pensar em mim e quase me faz pirar menos com o mundo sabe? E em segundo lugar e tão importante quanto é que ele me faz encontrar lugares especiais que me fazem muuuuito bem! Gostaria que soubessem que cada frase, texto, comentário que leio de vocês certamente faz o meu dia ser ou terminar diferente... e principalmente me faz querer viver outros dias sabe?

14 abril, 2011

?





Talvez eu nunca serei
Todas as coisas que eu quero ser
Mas agora não é hora para chorar
Agora é hora de descobrir por quê.
(Live Forever - Oasis)

13 abril, 2011

Às vezes...




"Às vezes, o que você mais quer não acontece...
E o que você menos espera... acontece."
(Filme: Amor e outras drogas)

12 abril, 2011

Talvez eu possa...




Quando começa a ficar bom ou eu desconfio ou dou um passo para trás.
Clarice Lispector

Medo do quê??? Eu só queria entender isso, nem que fosse só um pouquinho. Porque nesses 27 anos de nada adiantou ser a pessoa mais cuidadosa, e pensar e repensar 234 vezes antes de tomar qualquer decisão...

Sabe quando só uma vez na vida você queria ser a pessoa que não pensa? Que vive? Que sente? Que se joga e vê o que acontece, porque no fundo sabe que do chão não vai passar e diferente de mim, paga pra ver... Eu fico lendo, ouvindo e vendo histórias acontecerem, e as pessoas viverem...

Enquanto eu, fico aqui! Plajejando 876 quedas diferentes, e estudando qual a melhor maneira de sofrer menos, sem nem perceber (ou quase) o sofrimento que é não pagar pra ver... Não viver, não sentir...

Fiquei aqui pensando o que é que me faz paralisar diante das possibilidades... Não exatamente paralisar, mas dar esse bendito passo para trás... ou desconfiar...  sempre desconfiar... Fico lembrando da sua cara me olhando como se eu representasse mesmo uma possibilidade de começar de novo, ou simplesmente de ser feliz naquele momento, de viver, e eu ali, tentando racionalizar que não devia significar nada... nem pra você e nem pra mim... 

Fico lembrando de mim, do meu desespero cada vez que algo me faz sentir viva, exatamente da maneira como eu tenho medo... De como olho para as histórias ao meu redor e desconfio que essas coisas aconteçam de verdade... E do pensamento seguinte que é: 'tanto faz'. 'Eu estragaria mesmo se elas acontecessem...'. Lembro de alguém me dizendo que eu não posso afastar as pessoas pra sempre... Uma novidade pra você: talvez eu possa.  

04 abril, 2011

Se sentir confortável talvez seja a primeira saída...



  
Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que eu adoraria inacessíveis, tristezas que não cicatrizaram, padrões que eu ainda não soube transformar, embora continue me empenhando para conseguir.

Ana Jácomo