29 setembro, 2010

Mais pirações de uma aula...



(Image by Matthias Clamer)

'Há muitas maneiras de resistir. Há muitas maneiras de gestar resistências, de ser resistente. De maneira geral, pensamos que há tantas maneiras de resistir quantas forem as forças que tomamos como contrárias, seja porque elas nos impedem de realizar algo, seja porque elas nos obrigam a realizar algo'.
WMOJ

25 setembro, 2010

Quer levar minha bagagem ou não?




(Antes do Amanhecer)

Fico pensando que às vezes o mundo realmente conspira sabe?
Durante a semana numa coincidência maluca que envolveu um post da Carol e a amizade da Cláu (ela precisava ter um blog, se eu contar ninguém acredita na imaginação dela!), assisti 'Antes do Amanhecer'. Ou seja, acordei suspirando, fui trabalhar suspirando, tomei bronca suspirando... Ok, depois me irritei com o trânsito na volta pra casa... suspirando.
Passei pelo blog da Carol, pelos seus livros e sonhos e li sobre as declarações de amor que ela (e tenho que confessar que eu também) gostaria de receber... quem é que não gostaria? Passei pelo blog da Luana e li seu post, onde ela chega a conclusão que ' amar é não saber'. Viajei mais um pouquinho até o Coeur de Poètesse, onde a Kenia deixou o 'Recado da moça do telhado': 'Encontre-me no telhado para o nascer do sol'. Quem recusaria esse convite? Cheguei até 'Aquela menina com uma flor' e li o post em que a Flávia fala sobre solidão. E aí tive que correr pra cá! (Obrigado meninas, por me fazerem pensar nisso, acho que andava mesmo precisando [rs])

Na verdade, amor, romance, seja lá o nome que essas 'coisas' tenham, definitivamente não são seja que eu queira colocar em pauta no momento. Entretanto, fico pensando que falo isso como se houvesse mesmo possibilidade de se isolar da conspiração planetária pra que a gente pense, sonha, sinta e pire nisso....

Na verdade a única coisa que parece fazer sentido para mim agora é a idéia de que alguém possa compartilhar a maluquice da sua vida com a minha maluquice sabe? E compartilhar não significa substituir nada, trocar nada, deixar nada, simplesmente perceber que em alguma coisa, de alguma maneira a gente pode funcionar bem junto. E fazer desse dia a dia mais divertido, encontrar outros significados, outras possibilidades...

Do tipo perceber que o seu all star azul combina com o meu preto de cano alto, ou sentir muita vontade de continuar aquela conversa que não terminamos ontem e ficou pra hoje, ou perceber que eu acertei o pulo quando te encontrei, ou saber que as coisas podem melhorar se quando eu estiver triste você simplesmente me abraçar, ou num dia inesperado pisar numa poça e você me estender sua mão, perceber que meus olhos brilham e que eu vejo o céu no chão, talvez assumir que não te conheço, mas te quero, ainda mais por isso, e poder te pedir pra dizer que você me quer (porque eu te quero também), ou simplesmente me dizer o que é o sufoco, ou sossego, ou seja lá o que for, pra que eu possa te mostrar alguém afim de te acompanhar.

No fim das contas, acho que não deve haver nada de tão sensacional, espetacular, ou de outro mundo sabe? Não que o amor, ou seja lá o que for não tenha a sua magia. Claro que tem. Mas no fim, eu acho que talvez seja só a alegria, a sensação boa de ‘se ver’ em outra pessoa. E não porque essa pessoa seja como eu, ou porque eu queira que ela ou eu nos tornemos outras pessoas, mas simplesmente porque o que eu sou faz sentido pra ela naquele momento, e vice versa. Mas outro dia penso mais sobre isso...
Um super final de semana pra gente!

Ah, minha declaração de amor ideal no momento? Terei que emprestar da Tiê...

Dois
Tiê

Como dois estranhos, 
Cada um na sua estrada,
Nos deparamos, numa esquina, num lugar comum.
E aí? quais são seus planos?
Eu até que tenho vários.
Se me acompanhar, no caminho eu possso te contar.

E mesmo assim, queria te perguntar,
Se você tem ai contigo alguma coisa pra me dar,
Se tem espaço de sobra no seu coração.
Quer levar minha bagagem ou não?

E pelo visto, vou te inserir na minha paisagem
E você vai me ensinar as suas verdades
E se pensar, a gente já queria tudo isso desde o inicio.
De dia, vou me mostrar de longe.
De noite, você verá de perto.
O certo e o incerto, a gente vai saber.

E mesmo assim,
Queria te contar que eu talvez tenha aqui comigo,
Eu tenho alguma coisa pra te dar.
Tem espaço de sobra no meu coração.
Eu vou levar sua bagagem e o que mais estiver à mão.

23 setembro, 2010

Procura...



(Image by Kazuhiro Tanda)

Sempre corri atrás de mim
como uma criança
atrás de um balão levado pelo vento
eu era o vento e não sabia.

19 setembro, 2010

A rua acaba e meus sonhos vão...






Flores No Asfalto
Zeca Baleiro

Os sinos dobram, dobro a esquina adiante
O céu me espia mais azul que antes
Os mortos andam como eu nas avenidas
O sangue escorre da mesma ferida

Ergo as mãos pro alto, nos meus dedos os anéis
Flores crescem no asfalto, debaixo dos meus pés

Tudo silencia, ouço só meu coração
A rua acaba e meus sonhos vão
Piso na poça, uma moça estende a mão
Meus olhos brilham, vejo o céu no chão

Ergo as mãos pro alto, nos meus dedos os anéis
Flores crescem no asfalto, debaixo dos meus pés
Deixo o dia para trás
Sono e sonho a noite me traz
Deixo o dia para trás
E a dor

16 setembro, 2010

O que fica...



(Image by Andrew Bret Wallis)


"...depois de todas as tempestades e naufrágios o que fica de mim e em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro".
Caio Fernando Abreu

15 setembro, 2010

Pirações de uma aula...



(Image by Tim Robberts)


Filme?
Documentário "Acidente" (Direção: Cao Guimarães e Pablo Lobato - 2006).
Vida?
Trajetórias vividas até 'aqui', até esse exato momento...
Futuro?
Eterno devir...
Eu?
Eterna dúvida...

13 setembro, 2010

Encontrar-se?



(Image by Aaron Black)

Perder-se também é caminho.
Clarice Lispector

Acho que não tinha coisa melhor para aprender nesse 'caminho'. Engraçado que na minha cabeça as coisas só estariam 'certas' quando estivessem no lugar, devidamente organizadas, devidamente etiquetadas, devidamente classificadas de alguma maneira. Se não estivessem calssificadas... ai... havia alguma coisa muito errada que não me deixava nem ao menos tentar vivê-las nessa 'relativa' desordem.

Engraçado que de uma maneira ou de outra eu nunca percebi que eu vivi essas coisas, estando elas organizadas nas minhas gavetas e pastas abstratas malucas ou não. Mas vivi com muito menos intensidade, sentimento e talvez vontade do que se tivesse simplesmente vivido e não procurado entendê-las. É claro que valeu a pena. Todas elas tiveram a sua magia,  o seu significado. Talvez, não teria chegado a essa conclusão se não tivesse enlouquecidamente tentado enquadrar todos os acontecimentos, sentimentos, sonhos que nunca viraram acontecimentos e até mesmo os sonhos que se realizaram em algum lugar.

Engraçado perceber como hoje, de repente, (ía escrever sabe Deus, mas pôxa vida, acho que ele acabava se perdendo junto comigo nessa minha confusão maluca), as coisas simplificaram. Engraçado que a dor continua dor, continua a doer como sempre doeu, com a diferença que tenho me permitido sofrer se é que é isso que ela me provoca, ao invés de tentar entendê-la. A vontade continua a ser vontade, agora muito mais livre pra existir, a saudade continua saudade, lembrando de coisas que hoje eu sei que talvez sejam inclassificáveis nas minhas pobres categorias, o medo então... continua tão medo como nunca, mas (quase) sem classificações, o medo agora  parece permitir o frio na barriga que as possibilidades diante do desconhecido (ou do conhecido) provocam...

Talvez esteja só sonhando sabe? (Ando tomando uns relaxantes musculares dos deuses... [rs], ah e um certo floral meio mágico feito com muito carinho né!?). Mas talvez sabe lá porque, as coisas, apesar de ainda complicadas, se tornaram mais simples, mais claras e mais vivas. E o mais engraçado é que acho que nunca estive tão perdida como agora. Mas uma grande amiga de quem eu gosto muito, uma vez me disse essa frase da Clarice, que perder-se também é caminho, e não me passa pela cabeça caminho melhor, do que estar perdida agora.

'Estou de alma lavada
Não chove mais na minha estrada
Seu olhar já me chamou
Eu vou
Caminho pro interior'

Caminho pro interior

12 setembro, 2010

Caminho pro interior

Bruna Caram
Composição: Otávio Toledo

A manhã nasceu lá fora
O meu tempo é mesmo agora
Já vesti a roupa colorida
Na cabeça vem aquele verso
Sobre o meu novo universo
A canção que é minha preferida
Nesse rio sei andar na beira
Desvario é essa cachoeira
Trilha subindo a mata
A vista que me arrebata

Essa estrada me chamou
Eu vou
Caminho pro interior

 

Trocar risadas



(Image by Paper Boat Creative)

'Reconheçamos o básico: uma vida sem amigos é uma vida vazia. O mundo é muito maior que a sala e a cozinha do nosso apartamento. Que mais? Desmediocrize sua vida. Procure seus "desaparecidos", resgate seus afetos. Aprenda com quem tiver algo a ensinar, e ensine algo àqueles que estão engessados em suas teses de certo e errado. Troque experiências, troque risadas, troque carícias. Não é preciso chegar num momento-limite para se dar conta disso. O enfrentamento das pequenas mortes que nos acontecem em vida já é o empurrão necessário. Morremos um pouco todos os dias, e todos os dias devemos procurar um final bonito antes de partir'.
Martha Medeiros - Antes de partir

Tenho andado cansada ultimamente. Acho que deve ter algo haver com o final de ano, muito trabalho, faculdade, sono, a saga de tirar carteira de motorista (devia ter feito isso quando fiz 18 anos), cachorro, irmã, família...

Às vezes chego me caso e quero só cama. Mais nada. Às vezes durante 'o caminho' as coisas ficam meio sem sentido e me pergunto umas 476678 vezes pra que fazer isso ou aquilo, ou me procupar, ou não me preocupar...

Mas hoje ao voltar do centro da cidade num ônibus lotado, quente, cansada com fome e com sono tocou uma música gostosa no rádio e me fez pensar que apesar de tudo eu ando me divertindo muito, aliás como nunca me diverti antes. E isso tem muito haver com os amigos que tenho feito, reencontrado, resgatado, me aproximado... enfim.

Lembrei de tantos momentos gostosos, cinemas, feira hippie, teatro, café, barzinho, happy depois do trabalho, almoços, reencontros em salão de beleza, 'baladinha' com minha família e  com a minha irmã (é esla está ficando cada vez mais linda e folgadinha), leituras deliciosas (é vocês tem colorido muito meu dia a dia)conversas simples no corredor, no café, no telefone tentando superar o barulho e o balanço do ônibus, mensagens no celular...

E tenho percebido que além dessa correria existem momentos muito gostosos, leves que vão preenchendo como quebra-cabeças a loucura de cada dia. Talvez eu tenha chegado em alguns momentos limites para perceber isso, mas agora que aprendi espero não esquecer... acho que não dá! Por isso quero mais é trocar risadas sabe?

11 setembro, 2010

Sentir-se capaz!?



(Image by ZenShui - Laurence Mouton)

Tenho pensado muito ultimamente nas minhas possibilidades, 'do que eu sou capaz?'. Acho que períodos de grandes mudanças nos provocam a pensar nisso...
Coincidentemente recebi por email essa semana uma crônica da Martha que se chama 'Ser capaz'. (Aliás, obrigada viu!? Estava mesmo precisando me lembrar de algumas coisas!). E entre essas coisas me lembrei que quando comecei o blog escrevi sobre isso... Voltei pra ler e acho que descreve muito o eu tenho pensando e sentido ultimamente!
Obs.: Só não estou mais chateada com o planeta... pelo menos hoje não! [rs]

Do que você é capaz?

Ontem estava chateada com o planeta, nem vou falar com o que exatamente porque não sei, por isso melhor englobar todo o planeta (sou controladora, prefiro pecar pelo excesso). Tenho alguns livros da Martha que ficam ao lado da minha cama, e geralmente leio alguma coisa antes de dormir, nos momentos de raiva e quando me sinto bem também. E hoje acabei lendo eese texto, provocada pelo título: “Ser capaz”. Acho que “do que somos capazes” é uma pergunta que nos fazemos demais (de menos às vezes) durante a vida.

Tudo bem que do alto dos meus 26 anos, não é exatamente “durante a vida”, mas digamos que se trate de uma experiência significativa. Na realidade o que me intrigou é que a cada dia encontramos novas respostas para essa pergunta. E em compensação continuamos à fazê-la, mais e mais. Fiquei pensando em quantas coisas deixamos de fazer por conta justamente de questionar a nossa capacidade. E talvez em quantas outras nos encorajamos justamente por nos sentirmos capazes... E o quanto esse pergunta chata, confusa, provocadora, encorajadora... nos movimenta.

Continuo sem conseguir pontuar exatamente do que sou capaz (ainda que a Martha dê conta de algumas coisas muito bem...) sou capaz de insistir quando acredito (é, teimosia pode ser uma virtude), de brigar pelo que penso, de deixar o medo falar mais alto às vezes... Sou capaz de sobreviver a situações que jurava que me tirariam do eixo pra sempre (se é que eu tenho um), sou capaz também de desistir das coisas mais hipotéticas do planeta, só por pensar que não era capaz. Entretanto, para o equilíbrio do planeta (mais especificamente do meu equilíbrio e por consequência dos outros na minha órbita) sou capaz de ser capaz quando não acreditava que seria, e de sobreviver quando não sou...

Sou capaz de convencer as pessoas de algumas maluquices (na 'maioria' das vezes boas), sou capaz para a dor, para rir de coisas boas e ruins, sou capaz de pensar em 234 mil hipóteses antes de tomar uma decisão, capaz de imaginar as coisas mais absurdas do planeta (tá vendo como sou exagerada?), sou capaz para o exagero também, e é claro capaz de parar às vezes antes desse exagero se concretizar. Mas sou incapaz para a espera, para a dúvida, e na maioria das vezes... para o que me provoca medo.

Queria muito dizer que não sou capaz de ir contra o que penso, o que quero e o que sinto, mas parece que capacidade mesmo eu tenho para ser humana... e assim, às vezes ser incapaz de fazer o que eu mais queria. Entretanto, gosto de pensar na possibilidade de a qualquer hora dessas fazer coisas que nunca pensei que seria capaz...

09 setembro, 2010

O que você mais quer?



(Imagem by Simon Bond)

Era uma festa familiar, destas que reúnem tios, primos, avós e alguns agregados ocasionais que ninguém conhece direito. Jogada no sofá, uma garota não estava lá muito sociável, a cara era de enterro. Quieta, olhava para a parede como se ali fosse encontrar a resposta para a pergunta que certamente martelava em sua cabeça: o que estou fazendo aqui? De soslaio, flagrei a mãe dela também observando a cena, inconsolável, ao mesmo tempo em que comentava com uma tia. "Olha pra essa menina. Sempre com esta cara. Nunca está feliz. Tem emprego, marido, filho. O que ela pode querer mais?"

Nada é tão comum quanto resumirmos a vida de outra pessoa e achar que ela não pode querer mais. Fulana é linda, jovem e tem um corpaço, o que mais ela quer? Sicrana ganha rios de dinheiro, é valorizada no trabalho e vive viajando, o que é que lhe falta?

Imaginei a garota acusando o golpe e confessando: sim, quero mais. Quero não ter nenhuma condescendência com o tédio, não ser forçada a aceitá-lo na minha rotina como um inquilino inevitável. A cada manhã, exijo ao menos a expectativa de uma surpresa, quer ela aconteça ou não. Expectativa, por si só, já é um entusiasmo.

Quero que o fato de ter uma vida prática e sensata não me roube o direito ao desatino. Que eu nunca aceite a idéia de que a maturidade exige um certo conformismo. Que eu não tenha medo nem vergonha de ainda desejar.

Quero uma primeira vez outra vez. Um primeiro beijo em alguém que ainda não conheço, uma primeira caminhada por uma nova cidade, uma primeira estréia em algo que nunca fiz, quero seguir desfazendo as virgindades que ainda carrego, quero ter sensações inéditas até o fim dos meus dias.

Quero ventilação, não morrer um pouquinho a cada dia sufocada em obrigações e em exigências de ser a melhor mãe do mundo, a melhor esposa do mundo, a melhor qualquer coisa. Gostaria de me reconciliar com meus defeitos e fraquezas, arejar minha biografia, deixar que vazem algumas idéias minhas que não são muito abençoáveis.

Queria não me sentir tão responsável sobre o que acontece ao meu redor. Compreender e aceitar que não tenho controle nenhum sobre as emoções dos outros, sobre suas escolhas, sobre as coisas que dão errado e também sobre as que dão certo. Me permitir ser um pouco insignificante.

E na minha insignificância, poder acordar um dia mais tarde sem dar explicação, conversar com estranhos, me divertir fazendo coisas que nunca imaginei, deixar de ser tão misteriosa pra mim mesma, me conectar com as minhas outras possibilidades de existir. O que eu quero mais? Me escutar e obedecer o meu lado mais transgressor, menos comportadinho, menos refém de reuniões familiares, marido, filhos, bolos de aniversário e despertadores na segunda-feira de manhã. E também quero mais tempo livre. E mais abraços.

Pois é, ninguém está satisfeito. Ainda bem.

Martha Medeiros

07 setembro, 2010

Saudade em dia de chuva...



(Eu e o meu avô Sidney)

Dia de chuva faz a gente pensar demais. O que é uma delícia, mas às vezes nos leva para onde não estávamos planejando. Aliás, eles têm esse poder, de justamente nos levar para onde não era o plano. Esse feriado eu comprei uma estante oara organizar meus livros. E é claro, em meio a poeira, flanela, lustra móveis e livros eu encontrei algumas coisas importantes. Acho que encontrei mais um pouquinho de mim.

Achei um livro que comprei há algum tempo numa livraria bem pequenininha que fica aqui do centro da cidade. Áliás, me lembro como se fosse hoje da saudade que estava sentindo do meu avô naquele dia (não que ele não esteja comigo sempre de alguma maneira, mas tem momentos em que por alguma razão, que não compreendi ainda, a saudade fica mais forte...).

Sempre que vou em livrarias fico meio perdida. olhando de tudo um pouco... e de repente achei um livro bem pequenininho que se chamava "Mensagem Para Meus Netos", e na capa estava escrito: "Se você tivesse que escolher um único conselho para deixar para seus netos qual seria?".

Claro que comprei. Devorei o livro no ônibus no caminho de volta pra casa e fiquei pensando qual seria esse conselho do meu avô, entre tantas coisas que ele me disse...

O livro foi idéia do autor, um garoto de 12 anos, cuja avó sofria de Alzheimer e por terem tido pouco contato antes da doença ele ficava imaginando o que ela lhe diria, que conselhos ela teria para dar se pudessem ter convivido mais. Então ele escreveu para diversas pessoas pedindo para cada uma delas um conselho que sintetizasse o que consideravam verdadeiramente importante e que gostariam de transmitir para seus netos - quer já fossem avós ou não. Ele então reuniu todas as resposas e organizou esse livro.

Não há como não lembrar do meu avô e não pensar nas árvores frutíferas da chácara que ele tanto adorava... Da chácara que aliás ele ergueu parede por parede, do cheiro de terra, do fogão à lenha, dos dias quentes brincando com o esguicho d'água, das 'viagens' para Jaguaríuna, do Chevett ameralo ouro que ele tinha tanto orgulho...

Acho que tenho tanto dele hoje. Fiquei pensando qual seria o seu conselho. Afinal, ele já me disse tanta coisa importante! E acredito que cada uma delas continua aqui comigo. Organizando ainda a minha estante, encontrei um outo livro especial que ganhei de presente dele, é um livro de pensamentos e dentro há uma dedicatória que diz assim:

Para Michelle Felippe,
Ler e saber, viver e reviver,
São efeitos, com o passar do tempo,
descobrirás as causas.
De seu avô Sidney.

Acho que esse deve ter sido um desses conselhos especiais. E hoje, aqui nessa noite chuvosa, duvidando de tanta coisa, perguntando tantas outras, querendo outras tantas... Acho que posso ouví-lo me dizendo...

Paciência Michelle, paciência...

06 setembro, 2010

(...)



 (Image by Atsushi Yamada) 

Às vezes eu queria só um pouco mais de coragem pra sentir o que eu sinto...
Só um pouquinho mais de coragem pra dizer o que eu sinto...
Um pouquinho mais de paciência pra lidar com o que eu não sei sentir nem dizer...
Talvez um dia eu aprenda...
Ou não...