06 junho, 2010

Dia dos namorados?



(Image by Kohei Hara)

Estava pensando que essa data cegaria... nossa era chegaria, mas cegaria pode até cair bem no momento. Estava lendo uma crônica da Martha sobre esse data que chega e talvez nos cegue de fato... Ela nem chegou e estou eu aqui falando desse assunto! Realmente nos fizeram acreditar em tantas coisas que às vezes acabamos perdendo a capacidade de raciocinar, entender, refletir...

Estava conversando com uma amiga que não vejo há algum tempo e estávamos combinando de sair e tal, de repetente nos lembramos que o tal sábado dos nossos planos era justamente 12 de junho! Mudança de pauta: de saída entre amigas, para dia dos namorados! E lá vamos nós, filosofar sobre essa data tão... deixa pra lá. “Pôxa, escreva sobre isso!” (contei a ela que estava tentando ter um blog...), e ela disparou “Odeio amiga que convida você pra ir comprar presente pro bundão”, “Ou quando as pessoas te olham assim, ai coitada, vai chegar sua hora”, sem falar quando “querem te ‘oferecer’ um partidão de quase 30 que acabou de se separar!”.

Eita datinha que faz os solteiros pirarem o cabeção! Afinal esse é praticamente o dia em que é declarada a anormalidade de se estar sozinho!!! É praticamente um viva as metades das laranjas! As tampas das panelas! As panelas também! As caras metades! Três vezes saco!!!

Quando li a crônica da Martha (e concordei com cada caractere) fiquei tentando encontrar em qual momento “fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade.” E me dei conta que foram em vários momentos! Muitos momentos! Sou uma pessoa que adora cinema, filmes... Ainda mais as comédias estupidamente românticas... Resolvi começar por elas e descobri que nessa minha vida que quase nada tem de cinematográfica (talvez porque a vida seja um pouco mais real que isso), fiz um curso intensivo para acreditar em todas essas idiotices que pensamos (infelizmente) sobre amar, gostar, ter alguém... Em um passeio rápido pelos filmes que me recordo o que encontrei?

(Dirty Dancing)

(Grease)

(Uma Linda Mulher)

Cinderelas que nem precisaram perder sapatinhos de cristal, talvez aprenderem a dançar, outras que ganharam mais do que um sapatinho novo.

(10 Coisas que eu odeio em você)

(Amor Para Recordar)

Ainda que houvesse pelo menos 10 coisas pra se odiar, estava lá o amor perfeito se concretizando entre pessoas que não precisamos nem de 15 minutos de filme pra acreditar que nasceram de fato uma para a outra. Sem falar na transformação que o amor pode provocar... "Ela é demais" que o diga...

(Ela é Demais)

Até anjos entraram na jogada, sem falar em vampiros e lobisomens certo?

(Cidade dos Anjos)

E romances que ultrapassaram a própria vida... Como se a vida sem eles não tivesse valido a pena. Nem a Amelie escapou desse desfecho romântico...

(P.S.: Eu Te Amo)

(O Fabuloso Destino de Amélie Poulain)

Que maluquice!!!! Nascer um para o outro? Puta vida de cão que levamos às vezes, nos superamos, damos nossos jeitos, somos independentes, vivenciamos um trilhão de coisas diferentes em trocentos aspectos e querem nos fazer acreditar que nascemos para alguém e se isso não acontece somos anormais!? Pelo amor! Ou seria pelo não amor!?

Estamos tão condicionados que ao vermos casais pelo caminho, no ônibus segurando um ao outro para não caírem (como se pudessem de fato lutar contra a gravidade e o trânsito maluco), nos restaurantes, nas lanchonetes olhando com cara de bobos para as batatas fritas, na fila do cinema, tão envolvidos que talvez não saibam nem se estão na fila certa e o nome do filme? Ah que detalhe! (a parte de dentro do cinema vou pular ok?) logo nos sentimos estranhos. É como se uma luz vermelha acendesse na nossa testa perguntando “porque eles e não eu? O que eu tenho de errado”. Ficamos esperando por esse momento, em que nossa vida finalmente fará sentido por finalmente não estarmos mais sozinhos nessa aventura de viver!

Quando na verdade estamos vivendo a nossa vida, do nosso jeito! Não sou de forma alguma (talvez ultimamente um pouquinho) contra a idéia de se ter alguém. Muito pelo contrário. Sou a favor de termos o que acharmos que nos cabe, que nos interessa, que pode tornar as coisas mais aventureiras ou mais divertidas (digamos)! O que não significa que já não sejamos inteiramente completos, interessantes, cheios de coisas interessantes na bagagem e ainda por viver! E que a nossa vida não esteja fazendo sentido! Por que está! E cada minuto, cada experiência que vivenciamos vem compor a pessoa que somos, e que talvez em algum momento da vida, sem sapatinhos de cristal, no máximo uma melissa (que espero não perder) e nem aprender a dançar (pelo menos nessa vida) possa achar interessante dividir esses momentos com alguém! Continuar plena, inteira, completa, mas dividir alguma coisa (não tudo ok?), trocar idéias, aprender coisas novas e interessantes que essa outra pessoa também plena, inteira e completa queira dividir com a gente!

Ou não! Afinal deve haver um trilhão de maneiras de ser feliz, triste, bravo, legal, chato, ficar de saco cheio, de bom humor, sozinho, acompanhado, meio acompanhado, ou meio sozinho, de se fazer escolhas... De levar a vida! Quanta coisa bacana (e nem tão bacanas) estão por aí...! E que bom que a vida não é cinematográfica, e está longe de ser um plano-sequência, que bom que ela abre possibilidades para cortes, continuidades, intervalos, legendas, mudanças de figurino, efeitos especiais... Independente do enredo.

Só posso desejar que uma boa trilha sonora acompanhe essa aventura! E se o enredo não agradar... que busquemos outro!

2 comentários:

  1. Ah Michelle! Que bom que vc trocou de template pq o último não permitia comentário, estava com algum defeito secreto. Venho comentar justo essa data que alegra a tantos e me dá tanta angústia por não ter um namorado!!! É, eu também tento viver a vida sozinha, na minha, curtindo quem eu sou, mas há dias em que quem eu sou parece pouco e não me basta. Vixi, essa conversa daria praticamente um livro - não devo escrevê-lo aqui na sua página de comentários, claro.

    Quero agradecer imensamente por seus comentários lá no Poesia Torta, pelas felicitações em virtude do meu aniversário, por me seguir (novamente) e por ler, acima de tudo.

    Beijo-te com muito carinho. =*

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  2. POR MUITO TEMPO ACREDITEI QUE SO PODERIA SER FELIZ SE TIVESSE AO MEU LADO UM GRANDE AMOR.ACREDITEI NO IRREAL. POIS COLOCAMOS NAS MÃOS DOS OUTROS UMA OBRIGAÇÃO QUE É EXCLUSIVAMENTE NOSSA.PARA NÃO TER QUE NOS RECRIMINAR DO PRÓPRIO FRACASSO.

    ADORO O SEU BLOG.

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Obrigado por fazer parte desse diálogo comigo mesma!