05 maio, 2010

Meu cupido usa drogas... (talvez o seu também)



(Image by Jacqueline Veissid)

Tá aí uma coisa sobre a qual nunca tinha refletido antes... Entretanto após ouvir três garotas conversando no bar, uma delas muito brava porque “Ele não sabe o que ele está perdendo, quem ele pensa que eu sou” e mais “Como pode? Eu aqui, pensando nele e ele onde? Meu cupido usa drogas!” Sei que ouvir a conversa alheia não é algo muito simpático de se fazer, mas dada a lotação do bar, o barulho perto do palco e a falta de espaço livre para se “estar” lá dentro, foi inevitável grudar na mesa delas.

Enfim, eu e minha amiga até estávamos refletindo sobre algo parecido... Assunto mais recorrente esse hein? Conseguimos ir de abobrinhas para relacionamentos, num curtíssimo espaço de tempo e sem perceber! Mas definitivamente nossa conclusão passou longe de ser tão sintética e objetiva!

Engraçado que acho que a Martha Medeiros tem razão quando fala da nossa urgência emocional, tudo pra ontem e agora! Como pode a gente ser tão impaciente com esses papos do coração? Tipo, “papos do coração” ficou meio momento de amor de alguma rádio, mas é isso mesmo. Tudo bem que em cada metro quadrado que estamos seja onde for (pode reparar) só vemos casais, e aí eu me pergunto, porque não podemos existir felizes sozinhos? Já dizia a Lilia Cabral no Divã que ninguém nasce querendo ser uma metade de laranja, se for pra ser laranja que seja uma inteira e se for pra interagir afetivamente com o sexo oposto (ou com o mesmo sexo quem preferir) que seja pra uma boa laranjada né? E não para juntar metades solitárias que estavam vagando por aí...

Não sei, na verdade embora eu pire um pouco nesse assunto também (será que tem alguma garota que não pire?), acho que estar bem com a gente é o primeiro passo para estar bem no mundo... e quem sabe trombar "um" laranja por aí... E quando falo estar bem com a gente não é no estilo auto ajuda sabe, sorrindo, satisfeito com o mundo, é simplesmente ir se encontrando no meio desse caos que é o dia a dia... feliz às vezes, puto da vida outras... por que acho que estar bem tem dessas coisas... se sentir insatisfeito, bravo ou de saco cheio também é estar bem, significa que ainda sentimos coisas diante dessa correria infinita.

Fico pensando nas pessoas que a gente conhece por aí, em tanta coisa bacana que a gente vive, experimenta, descobre e porque ainda assim ficamos suspirando com uma possibilidade do tipo “Manuel Carlos” na nossa vida... Claro que essas porcarias que a gente assiste, os milhões de casais que encontramos por aí, as músicas que insistem em falar desse tema colaboram para a nossa maluquice. E olha que eu gosto de um bom romance em livros, filmes... Mas tudo tem limite né? O que é aquela música “Último Romance” do (ou dos? não sei, enfim...) Los Hermanos? O Rodrigo Amarante que me desculpe mas diz pra mim se qualquer pessoa que não tiver nada pra sentir na fila do pão além de fome e sono se for cedo não vai ficar revoltada? "E até quem me vê lendo o jornal/ Na fila do pão, sabe que eu te encontrei..." Fico me perguntando por que chama Último Romance, talvez porque depois de ouvir isso a gente desista... se não do romance, pelo menos da fila do pão...

Mas tudo bem, a vida continua, e sempre poderia ser pior (não consigo deixar meu lado pessimista de lado), se o meu cupido só usa drogas, só posso torcer para que ele em algum momento de alucinação muito inspirado acerte... quem? Aí já é demais... Mas alguém que como eu apesar de se revoltar (muitas) às vezes com a parte romântica do planeta, ainda acredite que dá pra ser inteiro e dividir coisas com alguém... Afinal alguém que não me lembro já dizia que se é divertido deve valer a pena...

E quanto a fila do pão, sugiro que ao invés de nos revoltarmos (talvez essa sugestão seja pra mim, porque quase todo mundo que converso nem conhece essa música)... Aproveitemos para quem sabe conhecer pessoas novas e interessantes que como nós querem apenas comprar o pão e voltar pra casa despretensiosamente... Ou ao invés disso escolher um belo doce, afinal quem sabe na fila do doce... brincadeira!

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