25 maio, 2010

Sentimentos Indecisos



(Image by Robin Cerutti)

Antes de colocar essa crônica da Martha que eu gosto muito, só queria acrescentar que meus sentimentos além de indecisos andam meio malucos... Se é que eles não são de fato meio malucos e eu só percebi agora... talvez eles estejam de fato alterados... Depois de uma aula cujo tema foi "a tragédia"... prefiro tecer comentários em outro momento... Tudo bem que adoro cinema... mas de tragédia chega algumas inevitáveis do dia a dia, certo?


Sentimentos indecisos

O sentimento é um indeciso. Nunca está 100% convicto. Por uma amiga: o sentimento inclina-se para o bem, o sentimento é de afeto pleno, mas surpreendemo-nos ouvindo suas aflições e sentindo com isso uma alegria maligna. Que espécie de amizade é essa, verdadeiramente amorosa, porém suscetível a uma humanidade que nos envergonha e dói?

O sentimento pelos pais, representantes de deus em nossa casa, os nossos criadores: dependemos de seus olhares e de suas palavras, queremos deles aceitação – em vão. Basta estarem de desacordo com a nossa verdade para repudiarmos seus valores arcaicos, e então alternadamente detestamos e amamos os pais, absorvemos com a mesma intensidade o sufocamento familiar e a divindade familiar, os queremos por perto e os queremos apartados de nós, e isso é amor enorme e confuso.

E assim sucede com pessoas várias. Colegas, compadres e vizinhos, seres que nos agradam e nos repulsam, que são admirados e desprezados, que provocam em nós sentimentos dúbios em horas alternadas, porque o sentimento é assim, histérico. Você ama o caráter de alguém e lhe odeia o dente amarelado, você admira a inteligência do outro, mas não entende como pode ser tão rude, você quer seu marido sempre por perto, e às vezes longe, e ele quer a esposa sempre ao lado, mas quieta.

O sentimento não suporta tudo. Mas é deste tudo que é feito um sentimento: de choques e prazeres, de desejos e solidão. O sentimento fatiado não existe. Lascas só de sentimentos bons: não. Vem sempre junto a parte estragada.

De nacos frescos e contaminados é feito todo sentimento. O nosso por nós mesmos, maior exemplo. Gostamos de nós, mas queríamos mudar. Temos orgulho do nosso caminho até aqui, e tantos arrependimentos. Gostamos da nossa boca, mas não dos olhos, gostamos do queixo, mas não dos cabelos, gostamos do rosto inteiro, mas precisamos emagrecer, e essa mesma satisfação e insatisfação ocorre por dentro: queríamos mais fígado, menos coração mole, mais estômago, menos dores de consciência, mais alma, mais sono, mais paciência.

Um sentimento decidido? Não há. Paixão ou ódio, estão sempre divididos.

Martha Medeiros


Obs.: Com todo respeito, gostaria só de acrescentar que hoje eu queria mais edredom e cama em dia frio, nos de calor também, e de noite também... mais leite quente com muito ovomaltine (odeio leite, mas com ovomaltine, muita coisa se resolve!), pode ser um milk shake também, sem problemas, mais doces gostosos, menos ônibus lotado, menos correria, mais música gostosa para ouvir, mais sofá e almofadas, mais filmes, mais cinema na verdade, mais rede pra deitar, mais shows bacanas pra curtir, mais risadas com as amigas (precisamos combinar algo!?), mais dias de chuva gostosos pra ficar deitada ouvindo a chuva no vidro da janela (sem ter que nadar na rua de preferência,  até porque não aprendi ainda)  menos dores de cabeça, menos cansaço, menos mau humor (às vezes até é divertido, mas só às vezes) e mais coragem pra correr atrás de tudo isso... e só pra reforçar... MUITO MAIS PACIÊNCIA!

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