(Image by Cheryl Zibisky)
Hoje tive um dia pesado... e uma noite também, apesar da lua cheia linda que estava lá fora... Fiquei pensando nas pirações da aula passada. Digamos que eu sobreviveria bem sem ouvir numa aula cujo tema era "tragégia" que a única certeza que temos é o fim... OK! Não vou entrar no mérito da questão. Mas fiquei pensando no quanto a gente vai se limitando, se podando... de tal maneira que acaba se tornando natural.
A gente já não se arrisca mais porque de alguma maneira mágica (e sem fundamento quase algum) sabemos que vai dar errado. Não temos muitas vezes nem a honestidade de assumir a metade das chances de dar certo! Temos respostas prontas para tudo! Pra que fazer isso ou fazer aquilo, pra que ir àquele lugar, nem vai estar tão legal assim... pra que acordar cedo (embora dormir seja uma delícia), pra que se inscrever naquele curso, talvez nem seja tão bom, pra que fazer aquela viagem, nossa é muito longe, pra que ir naquele barzinho bacana onde os seus amigos vão estar, já está tarde, pra que ir ver aquele filme no cinema, logo estará na locadora, pra que convidar aquele cara bacana pra sair?
É curioso como buscamos respostas que talvez nem existam e que talvez possam ser somente um porque sim! Porque queremos! Porque estamos com vontade! Porque merecemos! Porque só queremos ver no que vai dar, afinal do chão não passamos certo? Quase desisti de escrever algumas linhas atrás porque os porquês me confundem... com acento, sem acento, separado, junto... decidi que vou escrever do jeito que quiser porque o blog é meu certo?
Sei que estamos apenas na metade do ano... mas, lembrei dessa crônica e fiquei pensando que talvez (50% de chance, OK?) quanto mais cedo rolar um, algum, alguns "porque sim" talvez conquistemos coisas novas, nos surpreenderemos com o esperado e com o inesperado, nos decepcionaremos também, enfim... viveremos com mais intensidade... até porque... porque sim pode ser uma ótima resposta! Seja ele junto, separado, com ou sem acento...
(Image by Deborah Harrison)
Porque sim!
Você tem uma razão muito forte para, neste final de ano, reatar com aquela amiga a quem magoou, para passar o dia inteiro deitado na cama pensando na vida, para interromper a dieta e cair de boca no seu doce preferido. A razão inquestionável e inatacável é: porque sim.
Você passou o ano inteiro fazendo coisas porque não. Você foi a festas barulhentas e lotadas porque não queria ficar em casa sozinha. Você gastou mais dinheiro do que podia porque não contava que iria ficar sem emprego. Você se frustrou porque não conseguiu a bolsa de estudos na Inglaterra. Você foi ignorada pelo carinha que estava a fim porque não ouviram suas preces. Ainda assim, você passou o ano sorridente e bem-humorada, porque não esperavam outra coisa de você.
Agora chegou a época do ano em que você não precisa mais se preocupar em dar explicação. Por que? Porque sim. Acabei de determinar que o final do ano é o momento ideal para expurgar as culpas e para fazer tudo o que lhe passar pela cabeça, sem se importar se é politicamente correto ou incorreto, se vai dar certo ou não. É a hora de ouvir os seus instintos e atender às suas vontades, hora de se permitir uma certa irresponsabilidade, tomar atitudes desamparada pela razão. Por que? Você sabe porquê.
Vou comprar um vestido vermelho, porque sempre quis ter um. Vou alugar uma moto por um dia, porque nunca tive uma moto. Vou ligar para o Gustavo e dizer que fui apaixonada por ele, porque ele nunca soube disso. Vou ler toda a obra de Shakespeare, porque me deu na telha. Vou pegar um ônibus e só descer na última parada, porque me deu vontade. Vou comprar o disco de uma banda que nunca ouvi falar, sem escutar na loja. Porque sim.
Um exercício de desprendimento: desatar os nós que enlaçam atos e motivos. Fazer as coisas por impulso. Por que? Porque às vezes é bom a gente mostrar pra si mesmo quem é que manda aqui.
Martha Medeiros
Martha Medeiros
teste
ResponderExcluir